sexta-feira, 17 de abril de 2009

A insensatez de Sarkozy



O presidente francês em recentes entrevistas, meteu os pés pelas mãos. Primeiro, na reunião do G-20, em Londres, falou de um capitalismo solidário e cooperativo, capaz de afastar a crise que tomou conta da economia mundial, como se isso fosse possível. Todos sabem, que a crise atual é produto do capitalismo exacerbado e voraz, praticado pelas grandes economias.
Depois, no último dia 15 de abril, criticou Obama, deixando nas entrelinhas, uma ponta de inveja do presidente americano, pela sua popularidade mundial. E pior, elogiou Berlusconi, como modelo a ser seguido, acho que ele tomou vinho estragado na noite anterior, reconheçamos que o vinho não era francês. (ML)


Os artigos abaixo, explicam melhor essa história.

Fonte: O Tempo, Leonardo Boff
Sarkozy parece entender pouco da lógica do capital, pois este se rege pela competição. Se não, não teríamos tantos milhões de excluídos
Publicado em: 17/04/2009

A CRISE RETORNARÁ SOB A FORMA DE TRAGÉDIA OU DE FARSA
Proposta do G-20 não passa de nova cartada do sistema


O encontro do G-20 em Londres levou a uma tensa convergência entre as propostas norte-americana e europeia. Esta prevê controles e regulações mais rígidas dos mercados e a norte-americana procura salvar o sistema bancário privado com a injeção estatal de dólares. Há indicações de que Barack Obama se comprometeu a assimilar algo da proposta europeia e dessa forma criar um consenso mínimo para enfrentar coletivamente a crise.

Cumpre, entretanto, reconhecer que ambas as soluções são intrasistêmicas e nada inspiradoras, pois de modo algum colocam em xeque o modo de produção capitalista. Curiosamente, Sarkozy, num artigo dia 1º de abril, propunha um capitalismo cooperativo e solidário como forma de sair do caos. Parece entender pouco da lógica do capital, pois este se rege pela competitividade e não pela cooperação. Senão não teríamos tantos milhões de excluídos. Se alguém achar que o capitalismo é bom para os trabalhadores é um iludido. O capital é bom para os capitalistas.

Os encaminhamentos dos G-20 mantêm a acumulação do capital como o principal motor do funcionamento da economia e o mercado livre como o lugar de sua reprodução. Isso simplesmente é mais do mesmo. Não ataca as causas que levaram à crise. A crise econômico-financeira é vista fora do contexto global de crise: social, alimentaria, energética, climática e ecológica. Todas essas crises são consideradas como externalidades, quer dizer, fatores que não entram na contabilidade do capital, como o deslocamento de milhões de pessoas do campo para as cidades, o desflorestamento, a contaminação do solo, do mar e do ar. Estes fatores só são tomados em consideração quando se revelam empecilho para os ganhos do capital.

Mas não há como evitar a questão ética: trata-se de uma solução que contempla a humanidade como um todo e que garante a vitalidade à Terra? Ou simplesmente se trata de salvar o sistema do capital para beneficiar os que acumulam? Será mais uma cartada do sistema? Trata-se de uma crise no sistema ou uma crise do sistema?

Tudo indica que se trata de uma crise do sistema. As duas externalidades maiores - a social e a ambiental - não ganham centralidade. Mas elas são de tal gravidade que põem em xeque as soluções propostas, possuindo somente sustentabilidade a curto e a médio prazo. Depois voltará a crise, possivelmente sob a forma de tragédia ou de farsa (Marx).

A crise social mundial é terrificante. Os dados do PNUD 2007-2008 atestam que os 20% mais ricos absorvem 82,4% das riquezas mundiais, enquanto os 20% mais pobres têm que se contentar com apenas 1,6%. Quer dizer, é uma pequeníssima minoria que, em escala mundial, monopoliza o consumo, enquanto os zeros econômicos são lançados na miséria. Há mais de 900 milhões de famintos e a cada quatro segundos morre um ser humano de fome, conforme refere J. Ziegler em seu relatório para a ONU sobre a pobreza no mundo. Que cabeça e que coração têm analistas notáveis do Brasil que sabem disso tudo e mesmo assim defendem um sistema de tanta perversidade?

A crise ecológica não é menor. Estamos já dentro do aquecimento global que vai ser devastador para milhões de pessoas e para a biodiversidade. A cada ano, a voracidade capitalista elimina definitivamente 3.500 espécies de seres vivos. Diante desse quadro dramático, só nos resta repetir o que deixou escrito em latim o gênio da crítica ao capital: "dixi et salvavi animam meam": "disse e salvei a minha alma".

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Fonte: Agência AngolaPress

16-04-2009 16:17
França
Sarkozy critica inexperiência de Obama e elogia Berlusconi, diz jornal

Paris, - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou quarta-feira última que o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, é um exemplo a se seguir na política.


Em declarações a parlamentares, publicadas pelo jornal francês "Libération", Sarkozy destacou ainda a inexperiência do
presidente americano, Barack Obama.


A reunião com parlamentares foi convocada para falar da crise e da última reunião do G20 (os países ricos e os principais
emergentes), mas, no fim, segundo o jornal --que cita vários dos participantes--, o presidente francês dedicou-se mais a criticar
colegas.


Sobre o presidente Obama, Sarkozy disse que o considera um homem "muito inteligente e muito carismático", mas sem
experiência, porque, segundo ele, "não levou um ministério na sua vida" e há vários assuntos sobre os quais "não tem posição".


Da chanceler alemã, Angela Merkel, disse que, "quando ela se deu conta do estado de seus bancos e de sua indústria
automobilística, não teve outra opção do que unir-se a minha posição".


No caso do presidente de governo, José Luis Zapatero, Sarkozy informou a seus convidados que o governo espanhol tinha
anunciado a supressão da publicidade nas televisões públicas.



"E sabem a quem citaram como exemplo?", perguntou, ironicamente, em referência a si próprio.


Ainda falando de Zapatero, Sarkozy afirmou, segundo o jornal, que "pode ser que não seja muito inteligente". Sem citar nomes, afirmou ainda que conhece alguns "que eram muito inteligentes e que não estavam no segundo turno das presidenciais" --em clara alusão ao ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin.


"Em minha carreira política, ganhei de gente sobre quem se dizia ser mais inteligente e estar mais preparada que eu", acrescentou Sarkozy.


A grande conclusão de Sarkozy foi que "o importante na democracia é ser reeleito. Olhem Berlusconi, foi reeleito três vezes".