sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Caos Social



CAOS SOCIAL
marcos leonidio

Com a alma ensanguentada
em face à tantas indefinições sociais
sigo tentando transcender
a tudo isso
adiando compromissos existenciais
a cada alvorecer

Noites dessas, sonhei que
meu corpo estava enlameado de sangue
dos pés a cabeça
a guerra urbana não dava trégua
havia se expandido a níveis incontroláveis
eram tantas balas perdidas
tantas almas perdidas
tantas novas feridas
que manter-se vivo
era ganhar na loteria!

Com a alma manchada de vermelho,
tentava fugir pelos cantos
mas os cantos estavam obstruídos por espelhos
refletindo [...]
inquietante e profundo desespero!

domingo, 1 de novembro de 2009

Os valores nutricionais da cultura



Os valores nutricionais da cultura
m.l.

Os valores nutricionais da cultura são inquestionáveis,
seus alcances são difíceis de mensurar, de enxergar a olho nu.
Porém, pode-se afirmar que seus nutrientes são altamente benéficos,
para mente e para o corpo, para a matriz e seu entorno;
suas vitaminas têm sustância e pujança,
são hereditariedades que transformarão a vida das próximas gerações.

Mais do que racionais, matemáticos, estatísticos!
Os valores da cultura são universais e não podem ser confiscados.
Podem sim, ser ampliados, cultivados e espalhados,
mesmo em campos, ainda infertéis [...]

A cultura possibilita um novo tempo, uma nova perspectiva,
uma real harmonização, entre o ator, seu ambiente e seus pares.
"Emburrecer" gerações e gerações de pessoas é um retrocesso maligno, atroz,
capaz de obscurecer, jogar nas trevas, o futuro de uma criança, de uma família,
de uma comunidade, de um território, de uma cidade, ou talvez, de uma nação!

É preciso ter acesso ao conhecimento, e principalmente, dar acesso a ele.
A capacidade de absorver, assimilar e processar idéias,
é inata ao ser humano; uns com muito brilhantismo,
outros, com menos, não importa [...]
só assim, se fará justiça social com solidez.

A cultura diferencia o ser humano das outras espécies animais,
é o ponto transformador da evolução da raça humana e do mundo,
apesar de em alguns momentos, provocar um colapso existencial,
quase transformado em involução parcial da espécie.

Não podemos esquecer que vivemos a Era do Conhecimento!
A ciência, a web e outras importantes ferramentas multimídia,
já estão transformando tudo e numa velocidade impressionante;
eu diria até, que rápido demais.

Com bom senso, cada um tem que fazer algum esforço,
senão o abismo entre as pessoas mais favorecidas e as menos favorecidas
tende a se ampliar, desfavorecendo o equilíbrio da sociedade,
da economia, da natureza e por conseqüência do planeta.

- Então:
Mastiguemos, respiremos e transpiremos cultura!
Acionemos nosso senso crítico, sobre os nossos atos, com bastante altivez!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

poesia leminskiana



poesia leminskiana
m.l.

a coisa leminskiana é assim:
ampla, densa, curta e grossa, recomposta de atributos
revolucionários, é intensa, propensa a fazer refletir,
mesmo quem está de má vontade ou sofre de inércia inata;
é frutífera, fértil, febril,
processo em constante erupção;
é razão envolta em sentimentos,
é momento presente, passado nostálgico, futuro envolvente.

a coisa leminskiana é assim:
enviesada, aguçada, orgânica - tem vida própria,
é imprópria para os reacionários, é alentadora para os sonhadores,
acredita em sociedades alternativas, não tem medo de expor as feridas,
satiriza a elite dominante, acredita na verdade dos olhos,
ainda assim, tem romantismo, não gosta de pieguismo,
não é compromissada com meias-verdades,
é profundamente extraordinária, se finge de rasa,
mas é paradoxalmente robusta, profunda,
abunda as possibilidades de quem as lê!

a coisa leminskiana é assim:
miscigenada como nosso Brasil, é negra-brasileira, polonesa-japonesa,
se faz em haicais,
mas profere as melhores terminologias em canções,
quase esquecidas;
tem vida própria, se espalha feito fogo em ambiente inflamável;
com um detalhe: é por demais duradoura [...]

terça-feira, 6 de outubro de 2009

ContrABalançO



contrabalanço
marcos leonidio

Na vida há muito mais perdas
do que ganhos!
Capitalize beijos, abraços, afagos,
boas amizades, emoções inatas, momentos de prazer...
E outros casos!
Viva a vida com a alegria de um iniciante.
Não hesite muito em suas decisões,
se for o caso, corrija a rota, aprume o leme,
e siga em frente.
Lamente as ausências,
mas festeje as presenças,
principalmente, as que lhe façam bem.
Não transforme tudo a sua volta,
pode parecer artificial demais.
Incorpore as dificuldades e lapide
com competência os relevos mais contundentes,
o suficiente,
para não arruinar suas perspectivas existenciais!

domingo, 20 de setembro de 2009

Necessidades




Essa necessidade de estar inserido na sociedade contemporânea como consumidor, como potencial gerador de riqueza pra terceiros, como público-alvo de algum segmento, como receptor de demanda, como hospedeiro de novas tendências de mercado [...] está nos transformando em cobaias sub-humanas de uma sociedade mercantilista.

Tudo gera consumo: notícias especulativas, pressupostos, tragédias enviesadas, versões mal-fundamentadas, ensaios de outrem, especulações estapafúrdias, teorizações infames, obrigatoriedades públicas, febres repentinas de novos conceitos, produtos, serviços, etc. Condições comerciais que antes eram veladas, são usadas como isca, para seduzir o consumo desenfreado, o consumo pelo consumo, sem uma razão clara e objetiva, senão o interesse de pequenos, poderosos e restritos grupos.

É preciso desmembrar todos os aspectos que circundam essa avalanche de ofertas. Olhe pra dentro de si e desmistifique a opressão que está lhe corroendo por todos os lados, crie uma outra alternativa, capaz de transformar suas angústias atemporais, em realidades qualificadas, menos densas.

Não podemos continuar nessa toada, reféns do mercado (fértil criador de necessidades, "desnecessárias"). Temos que evoluir introspectivamente; involuir quanto às conquistas materiais, blindando assim, nossas fraquezas mercadológicas e emocionais.

m.l.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Outras possibilidades


m.leonidio

há outras possibilidades
mesmo na adversidade

em plena guerra
a esperança definha
atrocidades vil
são cometidas

ainda sim
crianças sonharão
não haverá fim
novas manhãs reacenderão
as chamas da esperança

há outras possibilidades
mesmo na adversidade

no limite da indisposição
ainda é possível reagir
encontrar uma razão
para naturalmente emergir

mesmo na adversidade
haverá outras possibilidades!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Por que reclamas?



marcos | leonidio

Por que reclamas?
Se ainda há uma chama
queimando dentro de você!

Por que reclamas?
Se em suas entranhas
seu sangue insiste em ferver!

Por que reclamas?
Se ainda há uma criança
dentro de você!

Por que reclamas?
Se essa criança não deixa
sua esperança convalescer!

Por que reclamas?
Se tua vida clama
por um doce alvorecer!

Por que reclamas?
Se ainda é muito cedo
pra você deixar sua alma anoitecer!

Por que reclamas?
Se ainda estamos na aurora
e ainda passarás por um longo entardecer!

Por que reclamas?
Crie outras artimanhas
não refugie-se do seu viver!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Deus-meu




DEUS-MEU
marcos|leonidio

Um dia, o Deus que está
dentro de mim, de você,
dele ou dela, vai se manifestar,
vai fazer ecoar, a seguinte frase:

- Se você está perto do fim
não olhe pra mim!

- Eu não posso lhe salvar, mas
posso lhe dar um precioso conselho:

- Olhe pra dentro de si
e encontrarás muitas respostas:

- Tente ampliar significativamente o bem
a sua volta, em seu entorno, se possível,
transcenda esse bem, além de outras distantes fronteiras!

- Não se preocupe com o final dos tempos,
crie e ajude a desenvolver coisas boas,
ações louváveis, de preferência, todos os dias [...]

segunda-feira, 13 de julho de 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Distanciamento



Pra viver uma boa relação com certas pessoas, é preciso manter um certo distanciamento, não necessariamente físico, mas de preferência, emocional. Se a relação é positiva profissionalmente, não a estenda para o pessoal, se é boa no pessoal, não a alongue para o profissional, se há um envolvimento emocional (casual), gostoso naquele momento, não a amplie além do necessário, como diz um ditado grosseiro: intimidade demais é uma merda. As vantagens do distanciamento, é que prevalece o respeito, a admiração, o misterioso, o incompreendido, o intocável, o desejável. A proximidade destrói, mais do que constrói determinadas relações, principalmente quando se tem visões diferentes sobre os mesmos assuntos, pontos-de-vista absolutamente dissonantes, ações contraditórias, embates indefiníveis [...] Por que temos tanta admiração: por grandes artistas, grandes cantores, grandes cineatas, grandes atletas, grandes escritores, grandes empresários, grandes visionários, grandes historiadores, grandes cientistas, grandes ícones da história, grandes líderes, grandes autores, grandes personalidades, grandes belezas femininas ou masculinas? Talvez porque haja esse distanciamento, essa impossibilidade de tocá-los, de atingirmos o que eles atingiram, de fazer parte de seu convívio social, de gozar de sua amizade. O misterioso é atraente, causa desejo, curiosidade, admiração. Não estou aqui sugerindo que vistamos uma máscara e sejamos 100% racionais, não é possível e muito menos desejável, mas, reafirmo, para viver uma boa relação com certas pessoas, é melhor manter-se longe, o suficiente para preservar o melhor do sentimento que as une. Se esse sentimento ruir, não haverá possibilidade de recuperar sua essência. |ML|

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Você já parou pra pensar?



Você já parou pra pensar, que tudo que lhe disseram desde sua infância não tem embasamento científico, que tudo não passa de simples especulação ou de um mimetismo sustentado através de gerações e gerações?

É até natural que aceitemos parte daquilo que nossos antepassados vêm nos transmitindo através dos tempos, afinal são referências existenciais "incontestáveis".

As pessoas dizem:
- seu destino está escrito, está traçado, não adianta fugir [...]
- se Deus quiser, tudo vai dar certo (sempre querendo dizer, vai dar certo, mas ninguém banca ou garante; outras vezes, ouvimos:
- Deus quis assim, não era pra dar certo, o que é seu tá guardado, foi melhor assim, entre tantas outras citações e nas mais variadas culturas.

Será que as coisas funcionam assim? Ou seria uma maneira de manter a humanidade refém de seus medos, conformada com sua sina, qual sina?

Você já refletiu sobre a necessidade que temos de justificar nossos fracassos, ao invés de admitir nossa incapacidade e aí sim, evoluir com méritos?

Você já parou pra pensar que seu momento é agora, que não há depois, que seu encontro com as pessoas e com a vida é agora, que o que você tem pra falar deve ser dito agora, que a vida não tem continuidade depois, que não há outro plano existencial, que não haverá outra oportunidade de dizer para o seu grande amor as coisas que sempre quis falar e não teve coragem, que sua história está sendo escrita o tempo todo, que o planejamento do futuro é importante, mas não essencial; e que todo planejamento a longo prazo corre sério risco de não vingar?

Mesmo contrariado, pense nisso [...]

Marcos Leonidio

terça-feira, 2 de junho de 2009

Definidos os times que ascenderão a 1ª Divisão do Paulistão 2010

Escolhidas as doze cidades que receberão jogos da Copa de 2014



Nassau, Bahamas, 31/05/2009
Neste último domingo, o presidente da Fifa, Joseph Blatter anunciou o nome das 12 cidades que receberão jogos da Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no Brasil. Concorriam 17 cidades como subsedes, cinco ficaram de fora (Rio Branco, Goiânia, Campo Grande, Belém e Florianópolis), mas, ainda poderão, ser utilizadas como estadia e centro de treinamento, para abrigar as seleções que participarão do mundial em 2014.
Eis então as 12 cidades escolhidas: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte no Sudeste, Porto Alegre e Curitiba no Sul, Cuiabá (sede Pantanal) e Brasília no Centro-Oeste, Manaus (sede Amazônia) no Norte, Salvador, Fortaleza, Recife e Natal no Nordeste. (ML)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Futebol ganhou!



Roma, 27/05/2009, Estádio Olímpico,
Final da Liga dos Campeões (Champions League).


Muitos apontavam o Manchester Utd. como favorito ao título, por todas as suas virtudes táticas, seus talentos individuais, Cristiano Ronaldo, etc. Se não bastasse tudo isso, o Barcelona estava desfalcado de três importantes jogadores de sua defesa (Daniel Alves, Rafa Marques e Abidal), e mais, o atacante Thierry Henry jogaria no sacrifício.

Quando a partida começou, as expectativas meio que se confirmaram, o Manchester acampou no campo de defesa do Barça e criou algumas oportunidades, principalmente com C. Ronaldo, mas, esse domínio durou apenas 9 minutos, na seqüência, Iniesta lançou Eto'o, o camoronês fez bela jogada individual pela direita e abriu o placar em favor dos catalões. Os ingleses sentiram o golpe, o Barcelona ganhou confiança e passou a tocar a bola, com arte, categoria, inteligência e objetividade. Messi não fez uma partida brilhante, mesmo assim ratificou sua importância, sua condição de melhor jogador da atualidade. Xavi e Iniesta fizeram uma grande partida, desfilaram no Estádio Olímpico, essencialmente no tapete verde e conduziram o Barça a um grande triunfo.

O segundo tempo ainda foi mais favorável aos espanhóis, o futebol vistoso praticado por eles, saltou aos olhos dos amantes do esporte, que foi inventado pelos ingleses. Para fechar em grande estilo, na metade do segundo tempo, Xavi cruzou e Messi fez um belo gol de cabeça, depois foi só administrar, o poderoso Manchester United estava nocauteado, com direito a olé.

Venceu o Barça, venceu o Futebol!
Eis a oportunidade das seleções que disputarão a próxima Copa do Mundo, na África do Sul, ano que vem, se inspirarem em Guardiola, técnico do Barça e deixarem seus mais talentosos atletas terem liberdade para jogar futebol com arte, em detrimento de soluções táticas, que priorizam o futebol força e defensivista, cultuado mundo afora. Espero que o Dunga, o Jorginho e outros ténicos brasileiros tenham assistido esse belo embate e que façam uma longa reflexão acerca do assunto.

Nas arquibancadas do mundo, eu até posso ouvir o frisson, torcedores inspirados no Barça, gritam:


Ooooô Oooooô o futebol ganhô - o futebol ganhooooô
Ooooô Oooooô o futebol ganhô - o futebol ganhooooô
Ooooô Oooooô o futebol ganhô - o futebol ganhooooô
Ooooô Oooooô o futebol ganhô - o futebol ganhooooô


ganó el fútbol - ha vinto il calcio - a remporté le football - won the football

(ML)

domingo, 24 de maio de 2009

Wolfsburg é campeão alemão com muitos méritos!



Wolfsburg, 23/05/2009
Neste último sábado o Wolfsburg confirmou as expectativas e conquistou o título do campeonato alemão (pela primeira vez em sua história), atropelou o Werder Bremen por 5 a 1, no Volkswagen Arena, com grande destaque para o atacante brasileiro Grafite, autor de dois gols, além de ter sido o artilheiro do campeonato, com 28 gols.

O Wolfsburg (os lobos), avançaram de forma incrível no segundo turno do campeonato e deixaram para trás, o gigante Bayern de Munique e os tradicionais: Stuttgart, Hertha Berlin, Hamburgo e Borussia Dortmund, entre outros. O feito do "pequeno" Wolfsburg, patrocinado pela gigante VW é histórico, a pequena cidade que leva o mesmo nome do time, está em êxtase.

A campanha do Wolfsburg foi incontestável, em 34 partidas, conseguiu 21 vitórias, marcou 80 gols e terminou o campeonato, com um saldo positivo de 39 gols. Sua dupla de atacantes marcou 54 gols, sendo que, Grafite balançou as redes adversárias em 28 oportunidades; seu companheiro, o bósnio Dzeko, foi outro destaque, marcou 26 vezes. A dupla se tornou a mais efetiva, numa mesma edição do campeonato alemão. (ML)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Impressão



IMPRESSÃO
marcos|leonidio

Outro dia descobri que gosto de usar barba.
Fico mais envelhecido, evidencio o tempo, torno-me menos interessante,
entre outras coisas menos importantes.
Mas, protejo minha face de injúrias, de calúnias momentâneas [...]
Assim, também enrijeço minha carenagem e afasto os mausespíritos,
que estão loucos para deformar minh'alma.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Busca



Busco escrever textos enviesados, oblíquos, desalinhados.
Mas, gosto mesmo é de filosofar todos os dias, para tentar compreender a grandiosidade da nossa existência e o comportamento da sociedade contemporânea, a partir das minhas experiências, leituras, observações e idéias descompromissadas.
Não me conformo com as exatidões, gosto mesmo é de aguçar o imaginário dos meus (ainda) escassos leitores.

m.l.

Autodefinição



A gente não deve se autodefinir, isso é tarefa para os outros; além do mais, limitamos assim, nossa história.
Se autodefinir não implica necessariamente, que os outros nos enxerguem como imaginamos ou desejamos.

Nossas ações dizem muito mais, vão além de palavras, refletem a realidade, como um espelho a nossa frente. E já que somos essencialmente mutantes (ainda bem), precisamos evoluir sempre, ás vezes, retroagir, mas pensando numa retomada mais consistente.

Portanto, não nos conformemos com aquilo que não nos faz bem.

Perfeitamente aplicável a cada um, é a possibilidade de estar em constante processo de depuração, de evolução [...]
Pequenos ou grandes reparos em nossos conceitos e convicções, são fatores que agregarão melhorias existenciais e/ou comportamentais; desde que reconheçamos nossas limitações e imperfeições.

m.l.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Perfil




Perfil
marcos|leonidio

Sou vento frio
sou brisa quente
às vezes vadio
com reveses eloqüentes.

Sou ansioso
confiante e otimista
bicho teimoso
de sensibilidade extremista

Sou itinerante, retirante,
reservado e carinhoso
sou um mutante
verticalizando obstáculos montanhosos

Sou em prol de condutas
e não fujo das resistências
meu caminho requer lutas
de conquistas e independência.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A insensatez de Sarkozy



O presidente francês em recentes entrevistas, meteu os pés pelas mãos. Primeiro, na reunião do G-20, em Londres, falou de um capitalismo solidário e cooperativo, capaz de afastar a crise que tomou conta da economia mundial, como se isso fosse possível. Todos sabem, que a crise atual é produto do capitalismo exacerbado e voraz, praticado pelas grandes economias.
Depois, no último dia 15 de abril, criticou Obama, deixando nas entrelinhas, uma ponta de inveja do presidente americano, pela sua popularidade mundial. E pior, elogiou Berlusconi, como modelo a ser seguido, acho que ele tomou vinho estragado na noite anterior, reconheçamos que o vinho não era francês. (ML)


Os artigos abaixo, explicam melhor essa história.

Fonte: O Tempo, Leonardo Boff
Sarkozy parece entender pouco da lógica do capital, pois este se rege pela competição. Se não, não teríamos tantos milhões de excluídos
Publicado em: 17/04/2009

A CRISE RETORNARÁ SOB A FORMA DE TRAGÉDIA OU DE FARSA
Proposta do G-20 não passa de nova cartada do sistema


O encontro do G-20 em Londres levou a uma tensa convergência entre as propostas norte-americana e europeia. Esta prevê controles e regulações mais rígidas dos mercados e a norte-americana procura salvar o sistema bancário privado com a injeção estatal de dólares. Há indicações de que Barack Obama se comprometeu a assimilar algo da proposta europeia e dessa forma criar um consenso mínimo para enfrentar coletivamente a crise.

Cumpre, entretanto, reconhecer que ambas as soluções são intrasistêmicas e nada inspiradoras, pois de modo algum colocam em xeque o modo de produção capitalista. Curiosamente, Sarkozy, num artigo dia 1º de abril, propunha um capitalismo cooperativo e solidário como forma de sair do caos. Parece entender pouco da lógica do capital, pois este se rege pela competitividade e não pela cooperação. Senão não teríamos tantos milhões de excluídos. Se alguém achar que o capitalismo é bom para os trabalhadores é um iludido. O capital é bom para os capitalistas.

Os encaminhamentos dos G-20 mantêm a acumulação do capital como o principal motor do funcionamento da economia e o mercado livre como o lugar de sua reprodução. Isso simplesmente é mais do mesmo. Não ataca as causas que levaram à crise. A crise econômico-financeira é vista fora do contexto global de crise: social, alimentaria, energética, climática e ecológica. Todas essas crises são consideradas como externalidades, quer dizer, fatores que não entram na contabilidade do capital, como o deslocamento de milhões de pessoas do campo para as cidades, o desflorestamento, a contaminação do solo, do mar e do ar. Estes fatores só são tomados em consideração quando se revelam empecilho para os ganhos do capital.

Mas não há como evitar a questão ética: trata-se de uma solução que contempla a humanidade como um todo e que garante a vitalidade à Terra? Ou simplesmente se trata de salvar o sistema do capital para beneficiar os que acumulam? Será mais uma cartada do sistema? Trata-se de uma crise no sistema ou uma crise do sistema?

Tudo indica que se trata de uma crise do sistema. As duas externalidades maiores - a social e a ambiental - não ganham centralidade. Mas elas são de tal gravidade que põem em xeque as soluções propostas, possuindo somente sustentabilidade a curto e a médio prazo. Depois voltará a crise, possivelmente sob a forma de tragédia ou de farsa (Marx).

A crise social mundial é terrificante. Os dados do PNUD 2007-2008 atestam que os 20% mais ricos absorvem 82,4% das riquezas mundiais, enquanto os 20% mais pobres têm que se contentar com apenas 1,6%. Quer dizer, é uma pequeníssima minoria que, em escala mundial, monopoliza o consumo, enquanto os zeros econômicos são lançados na miséria. Há mais de 900 milhões de famintos e a cada quatro segundos morre um ser humano de fome, conforme refere J. Ziegler em seu relatório para a ONU sobre a pobreza no mundo. Que cabeça e que coração têm analistas notáveis do Brasil que sabem disso tudo e mesmo assim defendem um sistema de tanta perversidade?

A crise ecológica não é menor. Estamos já dentro do aquecimento global que vai ser devastador para milhões de pessoas e para a biodiversidade. A cada ano, a voracidade capitalista elimina definitivamente 3.500 espécies de seres vivos. Diante desse quadro dramático, só nos resta repetir o que deixou escrito em latim o gênio da crítica ao capital: "dixi et salvavi animam meam": "disse e salvei a minha alma".

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Fonte: Agência AngolaPress

16-04-2009 16:17
França
Sarkozy critica inexperiência de Obama e elogia Berlusconi, diz jornal

Paris, - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou quarta-feira última que o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, é um exemplo a se seguir na política.


Em declarações a parlamentares, publicadas pelo jornal francês "Libération", Sarkozy destacou ainda a inexperiência do
presidente americano, Barack Obama.


A reunião com parlamentares foi convocada para falar da crise e da última reunião do G20 (os países ricos e os principais
emergentes), mas, no fim, segundo o jornal --que cita vários dos participantes--, o presidente francês dedicou-se mais a criticar
colegas.


Sobre o presidente Obama, Sarkozy disse que o considera um homem "muito inteligente e muito carismático", mas sem
experiência, porque, segundo ele, "não levou um ministério na sua vida" e há vários assuntos sobre os quais "não tem posição".


Da chanceler alemã, Angela Merkel, disse que, "quando ela se deu conta do estado de seus bancos e de sua indústria
automobilística, não teve outra opção do que unir-se a minha posição".


No caso do presidente de governo, José Luis Zapatero, Sarkozy informou a seus convidados que o governo espanhol tinha
anunciado a supressão da publicidade nas televisões públicas.



"E sabem a quem citaram como exemplo?", perguntou, ironicamente, em referência a si próprio.


Ainda falando de Zapatero, Sarkozy afirmou, segundo o jornal, que "pode ser que não seja muito inteligente". Sem citar nomes, afirmou ainda que conhece alguns "que eram muito inteligentes e que não estavam no segundo turno das presidenciais" --em clara alusão ao ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin.


"Em minha carreira política, ganhei de gente sobre quem se dizia ser mais inteligente e estar mais preparada que eu", acrescentou Sarkozy.


A grande conclusão de Sarkozy foi que "o importante na democracia é ser reeleito. Olhem Berlusconi, foi reeleito três vezes".

sábado, 21 de março de 2009

Anos 80, a década perdida [...]



Anos 80, a década perdida [...]

Naquele tempo o que importava era viver a vida, de uma forma assim, digamos, despretensiosa, afinal o fantasma da globalização ainda não havia se constituído efetivamente por esses lados. O Brasil ainda era prisioneiro da ditadura militar e as suas marcas ainda sangravam vorazmente. Mas, havia uma luz no fim do túnel, artistas, intelectuais e dirigentes do MDB trabalhavam nos bastidores para que a nação se conscientizasse, que não dava mais para viver num estado de exceção, era preciso reconquistar a democracia, a liberdade de expressão, para assim, um novo país renascer. O presidente Figueiredo já dava sinais, que poderia permitir a abertura; a ditadura militar estava desgastada e o movimento Diretas-Já ganhava cada vez mais força. Grandes comícios na Praça da Sé, em São Paulo, despertavam o país; a mudança era inevitável e necessária. Como felizmente acabou acontecendo. Essa história já conhecemos, mas é fundamental, que não a esqueçamos.

Usei o gancho da situação política do Brasil na época, para melhor externar minha particular visão sobre a década de 80; quero falar mesmo, é sobre o rock nacional, aquele movimento que tomou conta do país e marcou toda uma geração de brasileiros. Bandas de garagem chegaram ao estrelato, com suas letras despretensiosas, bem-humoradas, inteligentes, ferinas, poéticas, visionárias e até revolucionárias. De Brasília, vinha: Os Paralamas do Sucesso, liderados por Herbert Vianna (compositor poético e inteligente); a Legião Urbana, liderada por Renato Russo (vocalista genial, compositor poético e eloqüente); o Capital Inicial, do vocalista Dinho Ouro Preto (performático e excelente intérprete) e dos irmãos Fê e Flávio Lemos (excelentes compositores); a Plebe Rude, com seu rock mais pesado e contestador; do Rio: a Blitz, liderada por Evandro Mesquita (irreverente e com uma nova linguagem musical); o Barão Vermelho, liderado por Cazuza [in memorian] (poeta "maldito" de letras maravilhosas) e Roberto Frejat (grande músico e compositor); o Sempre Livre (grupo composto só por mulheres), liderado pela excelente vocalista Dulce Quental; a turma do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, liderados pela excelente compositora e vocalista Paula Toller e pelo poeta, compositor e vocalista Leoni (que depois saiu do grupo e formou a banda Heróis da Resistência); o grande Lulu Santos (músico, compositor e artista genial); o showman Léo Jaime (irreverente, criativo, músico e compositor de grandes sucessos); o audacioso Lobão, com suas letras densas, poéticas, com sua musicalidade envolvente e vocal contundente; o RPM, liderado por Paulo Ricardo (carismático vocalista e compositor) e Luiz Schiavon (instrumentista, arranjador e compositor); além da Gang 90 & as Absurdettes, liderada pelo saudoso Júlio Barroso e do Biquini Cavadão, que fez muito sucesso com as músicas: Tédio, Timidez e Vento ventania ; de São Paulo: o Ultraje à Rigor, liderado por Roger Moreira (irreverente, sagaz, performático e criador de grandes sucessos); o Ira!, liderado por Edgar Scandurra (guitarrista e compositor de habilidades notáveis, como: músico e letrista) e Nasi (vigoroso vocalista); os Titãs, com seus oito rapazes de habilidades múltiplas, Arnaldo Antunes (poeta, escritor, compositor, vocalista), Branco Mello (vocalista, compositor, escritor, documentarista), Tony Bellotto (guitarrista, cineasta, escritor), Nando Reis (compositor, vocalista, músico), Marcelo Fromer [in memorian] (músico, comentarista de futebol, colunista), Charles Gavin (baterista, produtor de discos e escritor), Paulo Miklos (vocalista, músico, ator, compositor), Sérgio Britto (vocalista, compositor, músico); além das bandas: Metrô (com o vocal inconfundível de Virginie) e de sucessos, como: Johnny Love, Ti ti ti, Beat acelerado, Sândalo de Dândi e o Rádio Táxi, de sucessos maravilhosos, como: Garota dourada, Sanduíche de coração, Dentro do coração, Coisas de casal, Eva; liderado pelo saudoso e excelente guitarrista, Wander Taffo e por Lee Marcucci, além dos integrantes, Willie (primeiro vocalista) e Maurício Gasperini (vocalista que assumiu o posto deixado por Willie e não decepcionou os fãs); do Rio Grande do Sul: os Engenheiros do Hawaii, liderados por Humberto Gessinger (compositor, excelente letrista e vocalista) e a banda Nenhum de Nós (dos estrondosos sucessos: Astronauta de Mármore e Camila, Camila).

Enfim, essas bandas e seus integrantes criaram uma nova cena na música e no rock brasileiro dos anos 80. As rádios fm que faziam sua programação baseada em artistas internacionais, gradativamente e rapidamente, abriram espaço para as canções do rock nacional; assim, as bandas e seus componentes, viraram, em pouco tempo, estrelas da mídia brasileira; muitos até tocaram no exterior.

Paralelamente, as danceterias explodiram em cada canto do país, shows aconteceram todos os dias, com lotação máxima; as televisões também abriram grande espaço para todos eles, de uma forma nunca antes vista; os jovens se divertiram com suas roupas coloridas, nas festas e nas danceterias, despretensiosos e menos ansiosos com quaisquer outras preocupações; nossos finais de semana foram mais felizes e menos violentos, seja nas noites de sábado, nas matinês, ou, nas tão esperadas domingueiras. Todos, só queriam paquerar, curtir o som, dançar, dançar e dançar, até não agüentar mais. As músicas atravessaram com vigor os anos seguintes, continuam aí, atuais, inoxidáveis, nos encantando e conquistando novas gerações de adeptos. (ml)

Alguns versos de algumas canções desses geniais artistas:

...só depois de muito tempo fui entender aquele homem, eu queria ouvir muito, mas ele me disse pouco...
DIAS DE LUTA, Ira!
...juventude se abraça, se ilude pra esquecer, um feliz aniversário para mim ou pra você...
ENVELHEÇO NA CIDADE, Ira!
...eu vou lutar por esse amor até o fim, não vou mais deixar eu fugir de mim...
EU ME AMO, Ultraje à Rigor
...a gente não sabemos escolher presidente, a gente não sabemos tomar conta da gente...
INÚTIL, Ultraje à Rigor
...a gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer...
COMIDA, Titãs
...devia ter arriscado mais e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer...
EPITÁFIO, Titãs
...tua tristeza é tão exata e hoje o dia é tão bonito, já estamos acostumados, a não termos mais que isso...
HÁ TEMPOS, Legião Urbana
...faço nosso o meu segredo mais sincero e desafio o instinto dissonante...
DANIEL NA COVA DOS LEÕES, Legião Urbana
...não me importam os seus atos, eu não sou mais um desesperado, se eu ando por ruas quase escuras as ruas passam...
MÚSICA URBANA, Capital Inicial
...vocês se perdem no meio de tanto medo, de não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender...
FÁTIMA, Capital Inicial
...e a cidade que tem braços abertos num cartão postal, com os punhos fechados da vida real...
ALAGADOS, Paralamas do Sucesso
...e são tantas marcas que já fazem parte, do que eu sou agora, mas ainda sei me virar...
LANTERNA DOS AFOGADOS, Paralamas do Sucesso
...tudo é mistério longe de você é feito um sinal vermelho no meu coração...
JOHNNY LOVE, Metrô
...quem vive mente mesmo sem querer e fere o outro, não pelo prazer...
AGORA EU SEI, Zero e Paulo Ricardo
...o céu é só uma promessa, eu tenho pressa, vamos nessa direção, atrás de um sol que nos aqueça...
A PROMESSA, Engenheiros do Hawaii
...qualquer nova, qualquer notícia, qualquer coisa que se mova é um alvo e ninguém tá salvo...
O PAPA É POP, Engenheiros do Hawaii
...eu vejo a vida melhor no futuro eu vejo isto por cima do muro de hipocrisia, que insiste em nos rodear...
TEMPOS MODERNOS, Lulu Santos
...os livros na estante já não têm mais tanta importância, do muito que li, do pouco que sei, nada me resta...
UMA MENSAGEM DE AMOR, Léo Jaime
...a lua inteira agora é um manto negro... são quatro ciclos no escuro deserto do céu...
O ASTRONAUTA DE MÁRMORE, Nenhum de Nós

sexta-feira, 6 de março de 2009

Carta póstuma



Amigo o que fizeram com você? Por que as coisas tinham que acontecer dessa forma? Ainda estou anestesiado, tentando entender, querendo não acreditar, imaginando que poderia ser apenas um pesadelo, resolvido quando eu abrisse meus olhos.

A vida foi covarde com você, o apunhalou pelas costas, te levou precocemente, de uma forma estúpida, sórdida, por tão pouco.
O seu algoz, um marginalizado pela vida, não sabe o mal que lhe causou, a dor que provocou em seus familiares, em seus amigos, em seu Henrique (único e amado filho), em seus amores.
Tantos sonhos, tantos projetos, tanta luta, tanta vontade de viver, tudo ceifado através de um disparo fatal, corvarde, sem que houvesse uma nova oportunidade de respirar.
Você não merecia isso, havia muita coisa a ser vivida, a ser resolvida, a ser compartilhada. Continuo me perguntando, por que aconteceu com você, mas poderia acontecer comigo também, o que seria da minha família, dos meus filhos e os meus sonhos [...]
Imagino a sua dor, a sua decepção, a sua contrariedade. Somos da mesma idade, tínhamos muitas afinidades, vivemos juntos grandes momentos, principalmente na nossa adolescência, momentos que ficarão marcados para sempre.
Ainda não consigo processar o ocorrido, nem sei se isso será possível um dia, talvez, somente no dia em que eu partir.

Outras perguntas ficam sem resposta e me perseguem, será que existe vida após a morte? Será que nos encontraremos em outro plano, para entender tudo isso? Será que há reencarnação, para que possamos continuar essa história de amizade?
Ou, tudo é simples assim; morreu, acabou, cessou tudo, nada mais importa?

Arrependo-me de não termos nos encontrado mais vezes, para bater papo, tomar uma cerveja, abrir o coração, falar das nossas alegrias, das nossas mais secretas verdades, dos nossos medos, dos nossos projetos pessoais. Tuca, você foi possivelmente, o meu melhor amigo, descanse em paz.

Marcão, é assim que você me chamava.

Carta póstuma, para o meu grande amigo Tuca (Agenor Donizeti Ferreira), covardemente assassinado no dia 25/02/2009.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Uma verdade inconveniente


Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)

É a mais pura, desnuda e inconveniente verdade, o que o Sen. Jarbas Vasconcelos admitiu em sua entrevista à Revista Veja, o PMDB é um partido que vive do jogo sujo de interesses próprios, em detrimento de qualquer outra necessidade do país, barganha com o governo (seja qual for a legenda), cargos públicos do 1º e 2º escalões, em troca da aprovação de emendas e demais votações, "administradas" no âmbito do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Um bom exemplo disso, é que nos últimos anos, o Partido permanece sem identidade, fazem parte do seu quadro representativo, urubus, cobras, lagartos, jacarés, raposas, gambás e cordeiros. Seus interesses políticos e econômicos estão acima do bem-comum, anos-luz de distância. O PMDB reza pra Deus, mas é amigo do diabo. A recente eleição das "velhas raposas", Michel Temer e José Sarney, para as presidências da Câmara e do Senado, respectivamente, notabilizam o horror e o descrédito que vivemos em nossa política, nós não precisamos mais deles, considerando nossa vontade. E pensar... que o PMDB ousou um dia querer ser o MDB, de tantas lutas e história. [por M.Leonidio]


Confissão e Corrupção
Fonte: Blog do Sérgio da Costa Ramos - Diário Catarinense
Terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

- Não foi apenas um desabafo.

Foi uma confissão. Talvez tenha sido o maior desnudamento da história do Império e da República.

Um verdadeiro striptease, mas também a submissão a um autêntico martírio: o açoite autoinfligido ao partido que ajudou a fundar e a dar — no passado — credibilidade e decência.

Nunca, em tempo algum, o filiado de um grande partido político descerrou tamanho véu.

— Para que o PMDB quer cargos? — perguntou o repórter de Veja Otávio Cabral.

E o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos pilares do antigo MDB, cuja vertical resistência à ditadura conduziria o país à redemocratização, respondeu:

— Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnado em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.

Haverá, no mundo, maior libelo contra um partido político — com a ressalva de que o desabafo estende a todos os partidos a prática de corrupção explícita?

Sem se valer de eufemismos, ou de luvas cirúrgicas, sem amenizar qualquer significado, o senador Jarbas Vasconcelos disse, simplesmente, que “boa parte” do seu partido sobrevive através da prática de corrupção.

Para bom entendedor: o partido abriga uma quadrilha de ladrões.

Quer dizer: homens de sete ofícios, gatunos, ratos, larápios, meliantes, ladravazes, rapinantes.

Diante de tal “carinho”, o que disse a presidência do partido? Ou a sua Executiva nacional?

Nada. Nem uma palavra. Pelo menos até as 48 horas que se seguiram ao destampatório do senador.

O que confere ao desabafo foros de verdade definitiva.

Se o maior partido da República está transformado nesse covil de trampolineiros, para que país os homens de Bem (e do Bem) devem pedir asilo?

Talvez para uma adaptada Pasárgada, o reino de Manuel Bandeira:

Vou me embora pra Pasárgada/ Lá é outra civilização/ Tem um processo seguro/ De impedir a corrupção... (No original, “concepção”).

Enquanto isso, no PMDB reina o Silêncio dos Inocentes...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009