sábado, 20 de dezembro de 2008

sob as marquises



sob as marquises

sob as marquises
ainda existem vidas
mesmo desprovidas de qualquer outra chance

sob as marquises
ao alcance dos seus olhos
a vida definha sem pestanejar

sob as marquises
fomenta-se reprises
de tudo que deveria evaporar

sob as marquises
todos os limites da tolerância
se alongaram além do sem-fim

sob as marquises
não há mais luz
as trevas se aproximaram de mim

sob as marquises
não há fator sorte
a vida tem cheiro de morte

sob as marquises
tudo é muito concreto e frio
todos os espasmos e arrepios
são de moléstias incuráveis
alojadas essencialmente na alma
dos que protagonizam a cena e
também naqueles que observam inertes

sob as marquises
existem em toda volta
abismos - buracos negros
não visualizados fisicamente
mas, aptos a receber vorazmente,
qualquer sopro de vida!
sob o triste olhar
das suntuosas e degradadas marquises [...]


marcos leonidio
numa manhã qualquer de dezembro de dois mil e oito

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