sexta-feira, 6 de março de 2009

Carta póstuma



Amigo o que fizeram com você? Por que as coisas tinham que acontecer dessa forma? Ainda estou anestesiado, tentando entender, querendo não acreditar, imaginando que poderia ser apenas um pesadelo, resolvido quando eu abrisse meus olhos.

A vida foi covarde com você, o apunhalou pelas costas, te levou precocemente, de uma forma estúpida, sórdida, por tão pouco.
O seu algoz, um marginalizado pela vida, não sabe o mal que lhe causou, a dor que provocou em seus familiares, em seus amigos, em seu Henrique (único e amado filho), em seus amores.
Tantos sonhos, tantos projetos, tanta luta, tanta vontade de viver, tudo ceifado através de um disparo fatal, corvarde, sem que houvesse uma nova oportunidade de respirar.
Você não merecia isso, havia muita coisa a ser vivida, a ser resolvida, a ser compartilhada. Continuo me perguntando, por que aconteceu com você, mas poderia acontecer comigo também, o que seria da minha família, dos meus filhos e os meus sonhos [...]
Imagino a sua dor, a sua decepção, a sua contrariedade. Somos da mesma idade, tínhamos muitas afinidades, vivemos juntos grandes momentos, principalmente na nossa adolescência, momentos que ficarão marcados para sempre.
Ainda não consigo processar o ocorrido, nem sei se isso será possível um dia, talvez, somente no dia em que eu partir.

Outras perguntas ficam sem resposta e me perseguem, será que existe vida após a morte? Será que nos encontraremos em outro plano, para entender tudo isso? Será que há reencarnação, para que possamos continuar essa história de amizade?
Ou, tudo é simples assim; morreu, acabou, cessou tudo, nada mais importa?

Arrependo-me de não termos nos encontrado mais vezes, para bater papo, tomar uma cerveja, abrir o coração, falar das nossas alegrias, das nossas mais secretas verdades, dos nossos medos, dos nossos projetos pessoais. Tuca, você foi possivelmente, o meu melhor amigo, descanse em paz.

Marcão, é assim que você me chamava.

Carta póstuma, para o meu grande amigo Tuca (Agenor Donizeti Ferreira), covardemente assassinado no dia 25/02/2009.

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