segunda-feira, 19 de outubro de 2009

poesia leminskiana



poesia leminskiana
m.l.

a coisa leminskiana é assim:
ampla, densa, curta e grossa, recomposta de atributos
revolucionários, é intensa, propensa a fazer refletir,
mesmo quem está de má vontade ou sofre de inércia inata;
é frutífera, fértil, febril,
processo em constante erupção;
é razão envolta em sentimentos,
é momento presente, passado nostálgico, futuro envolvente.

a coisa leminskiana é assim:
enviesada, aguçada, orgânica - tem vida própria,
é imprópria para os reacionários, é alentadora para os sonhadores,
acredita em sociedades alternativas, não tem medo de expor as feridas,
satiriza a elite dominante, acredita na verdade dos olhos,
ainda assim, tem romantismo, não gosta de pieguismo,
não é compromissada com meias-verdades,
é profundamente extraordinária, se finge de rasa,
mas é paradoxalmente robusta, profunda,
abunda as possibilidades de quem as lê!

a coisa leminskiana é assim:
miscigenada como nosso Brasil, é negra-brasileira, polonesa-japonesa,
se faz em haicais,
mas profere as melhores terminologias em canções,
quase esquecidas;
tem vida própria, se espalha feito fogo em ambiente inflamável;
com um detalhe: é por demais duradoura [...]

2 comentários:

  1. Preciso tomar vergonha na cara e dar uma passada decente por aqui, com tempo suficiente.

    Mas hoje, enquanto não leio o texto como devo, comento que lá no Krippendorf tem Meme procê, rapaz.

    Vamos divulgar o que andas lendo pela blogosfera...

    Abração, Marcão!!!

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  2. Não tem medo de expor as feridas (...) é profundamente extraordinária, se finge de rasa,

    (precisamos de mais realidade na nossa)

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